quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O perigo da Medicina Tradicional Chinesa

POR EDUARDO REAL

A medicina tradicional é predominante em países ocidentais e suas práticas são bem conhecidas pela população. Contudo, não são as únicas práticas de saúde. Existindo métodos conhecidos genéricamente como terapias alternativas. Entre elas está a medicina tradicional chinesa. Rara no Ocidente, porém comum no leste asiático.

Possuí diversos tipos de tratamentos, como a acupuntura. Porém, o texto focará medicamentos a base de produtos animais, oriundos da fitoterapia.

Sua origem é muito anterior a era cristã, surgindo por volta de 2200 anos a. c. E seu princípio de funcionamento está estritamente relacionado á filosofia presente no Taoismo e conceitos espirituais orientais. O indivíduo é visto como um sistema integrado entre a mente e o corpo que trabalha para para manter o funcionamento normal. Esse é o princípio do ying e yang e é o desequilíbrio entre eles que causaria as doenças e certos componentes ajudariam a reestabelecer o equilíbrio.

A MTC possui uma grande lista de ingredientes de origem animal. Um tigre, após morto, tem seu corpo desmontado em vários compostos aos quais são atribuídos as mais variadas funções: seu pênis embebido em álcool seria um potente afrodisíaco, seus ossos curariam artrite, seus bigodes seria trataria dor de dente, a fumaça de seus pêlos queimados afastariam centopéias e seu focinho pendurado sobre o leito matrimonial aumentaria as chances de ter um filho do sexo masculino. Chifres de rinoceronte curariam febres e convulsões. Chifre de veado também trataria artrite.

E por certos ingrediente serem retirados de espécie ameaçadas de extinção, os impactos dessa prática preocupam muito. De 2004 para cá a população de tigres na natureza caiu de 4600 para 2000 animais. Deixando o grande felino ainda mais próximo da extinção. O rinoceronte-indiano (Rhinoceros unicornis) também corre risco; com a procura por seus chifres o número de indivíduos encolheu. O já criticamente ameaçado rinoceronte-de-Sumatra (Dicerorhinus sumatrensis), que conta com apenas 300 indivíduos em liberdade, tem a pressão dos caçadores aumentada. As espécies africanas também não estão a salvo. E mais chocante, é o fato de não existirem evidências de que tais fármacos possuam qualquer efeito. Sendo a eficácia alegada, fruto de conceitos religiosos e místicos ou da mera simbologia entre as características do animal e supostos benefícios e não de um estudo científico controlado. E mesmo que fossem efetivos contra diversas doenças, existem diversos fármacos da medicina científica que possuem ação comprovada e que não tem por conseqüência tais impactos ambientais.

Outra amostra é vista nos mares; motivada pela sopa de barbatana de tubarão. Bem conhecida no Leste Asiático, e tida como um tônico contra uma série de males, considerada afrodisiaca por alguns. Também é um prato de elite, servido em banquetes e festas de casamento. Com o crescimento econômico asiático, a nascente classe média a consome cada vez mais, como um símblo de ostentação. Uma tigela de sopa custa cerca de 100 dólares.

Para conseguí-la, é realizada a pesca do tubarão, ou finning, em que o seláquio é capturado e tem as nadadeiras cortadas. Porém, a carcaça não possui valor econômico e é jogada ao mar, onde sem ter como se locomover o tubarão morre de fome ou é devorado por peixes menores. Não existe controle de peso e idade e analisando as barbatanas e quase impossível distinguir as espécies. As mais raras - como o tubarão-baleia - chegam a custar 10.000 a 20.000 dólares.


100 milhões de toneladas de tubarões são pescadas por ano. Mas estima-se que a quantidade possa ser mais que o dobro. O enorme consumo é sustentado por pescadores de todos os mares. Incluindo os da costa brasileira Nem reservas marinhas - como as Ilhas Cocos, onde existe a maior concentração de tubarão do planeta - são respeitados.

As populações de um predador que é vital para o ecossistema marinho estão encolhendo drásticamente, a ponto de serem considerados criticamente ameaçados.

O governo chinês já fez medidas para inibir a matança. Proibiu o comércio de remédios que contnham partes de tigres e pune quem caçar um deles com a pena de morte. Com isso, ossos, garras e outros órgãos sumiram das lojas medicinais chinesas. E fármacos que eram feitos de animais em risco estão sendo substituidos pelos que são feitos de animais domésticos. Outra opção , é criá-los para o aproveitamento farmaceutico. O que já é aplicado para a extração de bile-de-urso. Antes caçadores os procuravam antes do inverno, os capturavam e arrancavam a vesícula. As fazendas de urso se tornaram mais viáveis que a caça. Nelas, instalam um catéter, por onde a bile é tirada. Contudo, a IUCN denuncia diversos maus-tratos. Mesmo essas medidas apesar de terem seu mérito, mas são inda insuficients para conter a devastação causada. A Medicina Tradicional Chinesa mostra que a pseudociência e obscurantismo podem causar danos não apenas ao homem, mas também para o meio ambiente.

REFERENCIAS:

http://en.wikipedia.org/

http://pt.wikipedia.org/

http://news.nationalgeographic.com/

http://news.bbc.co.uk/

http://edition.cnn.com/

http://skepticblog.org/2008/11/09/tcm-ii/

http://saude.hsw.uol.com.br/medicina-chinesa.htm

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Foja

Duas expedições realizadas em 2005 e 2007 foram até as montanhas de Foja, no oeste da Nova Guiné. Uma região de 1 milhão de hectares, sendo a maior floresta tropical preservada da Ásia e uma das florestas mais inexploradas do mundo.

A primeira expedição, realizada em dezembro de 2005, foi feita por uma equipe multidisciplinar, com cientistas norte-americanos, australianos e indonésios. Lá eles solucionaram um grande quebra-cabeça: a localização da ave-do-paraiso de Berlepsch (Parotia berlepsch). A ave foi descrita no século 19, com base em espécimes coletados por caçadores nativos e somente agora foi registrada em fotografia. Também foram encontrados ali monotremados (mamíferos que botam ovos) e marsupiais como o canguru de árvore (Dendrolagus pulcherimus), que só havia sido registrado no território vizinho de Papua Nova Guiné e que era considerado extinto. Eles são raros ou quase inexistentes em outras partes da ilha, mas são abundantes em Foja devido a ausência de caça.
A expedição ainda descobriu várias espécies novas. Como uma ave-do-mel de penugem preta e face alaranjada que foi batizada de (Melipotes carolae), 20 anfíbios (entre eles, uma rã de 14 milímetros), quatro borboletas, cinco palmeiras e uma espécie de rododendro branco – também conhecida como azaléia – de 15 cm de largura, podendo ser a maior flor do gênero.

Ao retornarem em 2007, as surpresas não foram menores. Com a descoberta de um rato gigante de 1,4 kg (Mallomys sp.) e uma espécie de gambá pigmeu (Cercartetus sp.), o menor marsupial do mundo. Foja mostra que ainda hoje é possível encontrar lugares com a biodiversidade original preservada e os seres vivos encontrados façam com que o lugar mereça ser chamado de paraíso perdido. Ainda evoca a época dos naturalistas viajantes como Charles Darwin e Alfred Wallace que viajaram pelo mundo quando a biologia ainda estava nascendo.