sábado, 26 de abril de 2008

Menina muda de grupo sangüíneo após transplante


Uma menina australiana mudou espontaneamente de grupo sangüíneo e adotou o sistema imunológico de seu doador após ter sido submetida a um transplante de fígado, um caso sem precedentes conhecidos, ressaltaram nesta quinta-feira fontes médicas.


Demi-Lee Brennan, acometida por uma grave doença, tinha 9 anos quando fez o transplante. Nove meses depois os médicos descobriram que havia mudado de grupo sangüíneo e de sistema imunológico para adotar os do doador, depois que as células-tronco do novo fígado migraram para sua medula óssea.


Agora ela vive com um fígado saudável aos 15 anos, disse Michael Stormon, um dos médicos responsáveis pelo seu tratamento. "É insólito, de fato não sabemos de nenhum outro caso em que isto tenha ocorrido", declarou Stormon. "Na verdade, foi submetida a um transplante de médula óssea. A maior parte de seu sistema imunológico também foi substituído pelo do doador", acrescentou.


Milagre

A mãe de Brennan, Kerrie Mills, classificou o fato de "milagre" e a própria paciente disse em uma entrevista coletiva à imprensa que os médicos a trouxeram de volta à vida. "Por mais que agradeça nunca será o suficiente. É como se fosse minha segunda chance", afirmou.


A equipe médica que tratou Brennan está muito interessada em analisar se é possível tirar proveito deste caso, levando em conta que a rejeição de órgãos do doador por parte do sistema imunológico do receptor é uma das principais barreiras para os transplantes.


Stormon considera que a menina pode ter sido beneficiada por "uma seqüência de acontecimentos fortuitos". É possível, disse, que uma infecção pós-transplante tenha permitido que as células-tronco hepáticas de seu doador tenham se proliferado em sua medula óssea, onde se desenvolveram as células sanguíneas.


A dificuldade está agora em estabelecer se é possível reproduzir este resultado em outros pacientes. "Nosso desafio agora é tentar entender como ocorreu", afirmou Stormon. "O Santo Graal da medicina do transplante é a imunotolerância. Ela é um exemplo de que pode ocorrer", concluiu.


AFP



sábado, 19 de abril de 2008

Cientistas encontram árvore mais antiga do mundo na Suécia

Pinheiro foi encontrado em Dalarna e calcula-se que tenha 9500 anos de idade

COPENHAGUE - Cientistas da Universidade de Umeå encontraram na província de Dalarna, no noroeste da Suécia, uma conífera de 9.550 anos, a árvore viva mais antiga registrada até o momento no mundo.

Se trata de um pinheiro da Noruega (Picea abis), uma conífera que se encontra por toda Europa, usada como pinheiro de natal nos países nórdicos, muito apreciada em jardinagem e do tipo que se empregou para fabricar os violinos Stradivarius.

Abaixo da copa de um pinheiro de uns quatro metros de altura no parque nacional de Fulufjället, em Dalarna, se acharam restos de seu sistema de raízes na camada superior de terra pertencentes a quatro gerações distintas, com idade de 375, 5660, 9000 e 9500 anos, disse Leif Kullman, professor de geografia natural da Universidade de Umeå (Suécia) e diretor da pesquisa.

A idade dos restos foi determinada através do método do Carbono 14 em um laboratório de Miami, Estados Unidos.

Na América do Norte se tinham encontrado explares de pinheiros de 4000 e 5000 anos.

A longevidade dessa árvore se explica por sua capacidade de clonar-se a si mesma, de modo que das reservas da raiz nascem novos talos e tronco, e para adaptar-se às mudanças climáticas, evoluindo de árvore a arbusto engolido por si mesmo.

Em toda a cadeia montanhosa sueca, que se extende desde a Lapônia, ao norte, até Dalarna, ao sul, fazendo fronteira com o Noruega, os investigadores suecos encontraram um conjunto de pinheiros com mais de oito mil anos de idade.

Kullman cree que esses achados põem em questão a teoria de que o pinheiro era uma espécie tardia chegada à Suécia, quando na realidade foi uma das primeiras plantas a assentarem-se ali.

"Minhas investigações apontam a que o pinheiro passou a era glacial a oeste e sudoeste da Noruega, onde o clima não era tão frio, para logo extender suas sementes rapidamente ao norte e pela costa, e daí para as montanhas suecas", ressaltou.

A capacidade de adaptação desta espécie permite utilizá-la para obter pistas sobre os efeitos da mudança climática na atualidade.

O aumento das temperaturas em um grau no verão nesta zona no último século tem feito que os pinheiros mudem de forma e aumentem a altura, segundo Kullman.

A pesquisa faz parte de um estúdio sobre as povoações de árvores na Escandinávia durante a era do degelo, realizado em colaboração com as autoridades provinciais de Jämtland e Dalarna.

http://www.estadao.com.br/vidae/not_vid158053,0.htm

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Tigre-da-Tasmãnia



O lobo-da-tasmânia ou tigre-da-tasmânia (Thylacinus cynocephalus) é um marsupial carnívoro da ordem Dasyuromorphia, extinto em 1936 que viveu na Tasmânia, ilha a sul da Austrália, no atual Holoceno.

Apesar do nome, este animal não está relacionado com os lobos ou com os tigres, que são mamíferos placentários. No Plistoceno, o lobo-da-tasmânia estava distribuído pela Austrália e Tasmânia, onde era predador de topo de cadeia alimentar. Foi descrito primeiramente em 1792 pelo naturalista frances Jacques Labillardière.

Em aparência, o lobo-da-tasmânia era semelhante a um cão de pelo curto e focinho afilado, com riscas verticais nos quartos traseiros, cerca de 16 a 17 listras, sendo a pelagem cor bege com onalidade creme no abdômen, que deram origem ao nome tigre-da-tasmânia. O comprimento era de até 1,80 m e mais 60 cm de cauda do tamanho de um "grande cão" com uma cauda rígida, sendo os machos um pouco maiores que as fêmeas, estas possuindo uma bolsa característica dos marsupiais, mas que, ao contrário dos outros marsupiais, abria para a parte traseira do animal.

O lobo-da-tasmânia apresentava muitas semelhanças com os membros da família Canidae (cão) do Hemisfério Norte: dentes afiados, mandíbulas poderosas, digitígrados e a mesma forma geral corpo. Este é um exemplo de evolução convergente. Dado que o lobo-da-tasmânia ocupou o mesmo nicho ecológico na Austrália como a família do cão fez noutras regiões, desenvolveram muitas características idênticas. Apesar disso, esta espécie não está relacionada com qualquer dos predadores do hemisfério norte - o seu parente mais próximo vivo é o Demônio-da-Tasmânia (Sarcophilus harrisii).

Era um caçador solitário, caçando às vezes em pares, seu método era escolher um animal, como um pequeno canguru e então segui-lo até cansá-lo, pulando então sobre ele e matando-o com suas fortes maxilas, as quais podiam atingir uma abertura angular de 120 graus.

O lobo-da-tasmânia era exclusivamente carnívoro. Seu estômago era musculoso com a capacidade de distender-se para permitir que o animal comesse grandes quantidades de alimento de uma só vez, provavelmente uma adaptação compensatória para os longos períodos em que a caça era mal sucedida e o alimento escasseava. Análise das observações esqueletais do animal em cativeiro é ele que escolhe um animal como alvo e que persegue-o até que o mesmo esteja esgotado. Alguns estudos concluem que o animal pode ter caçado em grupos familiares pequenos com o grupo principal que agrupa a rapina no sentido geral de uma espera individual na caça caçadores relataram-no como um predador solitário, que caçava desde marsupiais como cangurus, koalas e wombats até aves. Era um caçador noturno e crepuscular.

A intenção dos colonos de transformarem a Tasmânia em uma extensão da Inglaterra deu origem à criação de rebanhos de ovelhas. Isto, por sua vez, fez com que cães selvagens, que viviam naquele local antes dos colonos, atacassem as ovelhas. Porém os lobo-da-tasmânia não caçavam as ovelhas, mas eles foram dados como culpados pela caça delas, já que eram animais estranhos e considerados carniceiros. Assim os donos de rebanhos caçaram os lobos-da-tasmânia até à sua extinção. Criadores de ovelhas e o próprio governo ofereciam uma boa recompensa em dinheiro pela sua captura e então ele foi caçado impiedosamente de 1840-1909. Espécimes vivos apanhados em armadilhas eram logo comprados por zoológicos no exterior, animais mortos eram "trocados" por recompensas financiadas pelo governo, e somado ao fato da população de tigres-da-tasmânia ter sido reduzida por uma séria doença desconhecida que devastou grande parte da vida selvagem da Tasmânia há muitos anos. Por volta de 1914, mais de 2000 lobos-da-tasmânia tinham sido massacrados e a espécie continuou a diminuir em número até se extinguir. Sem dúvida o homem foi o maior responsável por sua dizimação. O tigre-da-tasmânia foi considerado oficialmente extinto quando o último espécime morreu em 7 de Setembro de 1936, no zoológico de Hobart, Tasmânia. Se chamava Benjamin e só após sua morte descobriram que era um fêmea. Seu desaparecimento se deu porque nessa época os zoológicos não tinham o objetivo de salvar espécies ameaçadas como hoje em dia.

Após seu desaparecimento, seu nicho foi ocupado pelo diabo-da-tasmânia.

Nos últimos anos surgiram especulações sobre a possibilidade de clonar o lobo-da-tasmânia e trazer esta espécie à vida. O problema principal foi encontrar DNA em boas condições, algo que as centenas das células poderiam conservaram, mas no formol não permanecia nenhuma. Não desistindo, em 1999, um grupo de cientistas australianos abriu uma porta para a esperança, porque um frasco de 1866 estava nos fundos de um museu que conservasse um jovem lobo-da-tasmânia em seu interior, conservado em uma solução de álcool e não de formol. O álcool, não destrói todo DNA, e pode conservar a integridade do DNA durante todo período em que foi conservado. Em 2000 a extração aparente do DNA em bom estado foi anunciada, e em 2002 a réplica bem sucedido desse material genético, sem falhas. Em Fevereiro de 2005 o governo australiano deu marcha-ré ao projeto e cancelou o financiamento, forçando sua paralisação. Talvez no futuro possa ser reiniciado, mas não há nenhuma data prevista para o retorno do lobo-da-tasmânia.






Referencias:


http://wikipedia.org

quarta-feira, 2 de abril de 2008

O predador dos mares

Colunista apresenta o crocodiliforme extinto de hábito marinho que acaba de ser descrito por pesquisadores brasileiros

Paleontólogos brasileiros anunciaram esta semana uma importante descoberta que deve nos ajudar a entender como evoluíram os répteis que habitaram os mares do passado. O Guarinisuchus munizi, encontrado em Pernambuco, viveu na costa do Nordeste brasileiro há cerca de 62 milhões de anos e é o mais completo representante na América do Sul de um grupo de répteis conhecidos como dirossaurídeos.

Os dirossaurídeos, por sua vez, se incluem em um grupo mais amplo, que possui uma história única no registro geológico da Terra: os crocodiliformes. Esses répteis surgiram há aproximadamente 200 milhões de anos e sobreviveram a diversos eventos de extinção em massa no planeta até chegar aos dias de hoje. Nesse intervalo, eles se modificaram e se adaptaram com o passar do tempo.

Hoje esses répteis contam com apenas 23 espécies, representando três grupos: jacarés, crocodilos e gaviais. Mas no passado, como já vimos em outra coluna , a diversidade era enorme, com espécies de hábitos completamente terrestres e outras totalmente marinhas, como a que acaba de ser descoberta.

Descoberta inesperada
Há cerca de cinco anos, os colegas José Antonio Barbosa e Maria Somália S. Viana estavam realizando uma atividade de campo rotineira na Mina Poty, situada ao norte de Recife (PE). Essa mina é um dos poucos lugares no Brasil onde se registra o limite entre os períodos geológicos Cretáceo e Paleógeno (ou K/Pg – antigo K/T). Esse limite marca a extinção de diversos grupos, incluindo a maioria dos dinossauros.

Antonio e Somália encontraram, cerca de 11 metros acima do limite K/Pg, ossos e dentes envoltos em rochas calcárias de coloração cinza. No início não estava bem claro a que animal pertenciam, mas eles sabiam que era algo muito importante. Até então, os únicos vertebrados que aquelas camadas – designadas de Formação Maria Farinha – tinham fornecido eram dentes de tubarões, peixes ósseos, placas de tartarugas e ossos isolados de crocodiliformes marinhos do grupo dos dirossaurídeos.

Esse grupo de répteis, bastante raro na América do Sul, foi um dos poucos a ter sobrevivido à extinção do K/Pg. No Brasil, seus restos sempre se limitaram a ossos isolados – basicamente vértebras e dentes –, justamente da Mina Poty e arredores. Existia, ainda, um exemplar meio obscuro que tinha recebido o nome de Hyposaurus derbi no século 19.

Reconhecendo a importância da descoberta, eles coletaram os ossos e iniciaram a penosa tarefa de preparação do material, que contou, além de Antonio, com um grande esforço de Marcia Cristina da Silva, então aluna de Somália. A preparação acabou sendo finalizada no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com financiamento da Faperj (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro).

O mais completo dirossaurídeo sul-americano

À medida que a preparação avançou, constatou-se que o exemplar em questão era não só o mais completo representante dos dirossaurídeos da América do Sul, mas também uma nova espécie, que recebeu o nome de Guarinisuchus munizi. ‘Guarini’ vem do tupi e significa guerreiro; ‘suchus’ é um termo que vem do grego e é comumente empregado na descrição de crododiliformes extintos. Com o nome específico os pesquisadores fizeram uma justa homenagem ao paleontólogo Geraldo da Costa Barros Muniz, que muito contribuiu para a pesquisa de fósseis no Nordeste.

De forma geral, os dirossaurídeos possuem a parte anterior do crânio relativamente comprida e fina lateralmente, o que lhes dá um aspecto tubular. Os dentes são grandes, delgados e pontudos, o que os diferencia bem dos demais crocodiliformes, incluindo as formas recentes. O Guarinisuchus munizi também possui as aberturas temporais na parte superior do crânio bem desenvolvidas, maiores do que as órbitas, outra característica que permite classificá-lo no grupo dos dirossaurídeos.

Poucos dirossaurídeos são conhecidos, a maioria procedente de depósitos da África. O estudo dos cientistas brasileiros mostrou que o Guarinisuchus munizi era aparentado com algumas formas africanas, o que permitiu estabelecer uma teoria sobre a dispersão desses animais: a partir de sua suposta origem na África, eles teriam chegado primeiro à América do Sul para, dali, alcançar o litoral da América do Norte.

Porém, existe um outro ponto de destaque dessa pesquisa, publicada esta semana na Proceedings of the Royal Society B, com participação deste colunista. Na Mina Poty, as rochas do período Cretáceo, que são mais antigas do que 65 milhões de anos (situadas, portanto, baixo do limite K/Pg), possuem restos (sobretudo dentes) de um outro grupo de répteis marinhos chamado de mosassauros ou lagartos marinhos.

Esses restos haviam sido estudados primeiramente pelo importante pesquisador brasileiro Llewellyn Ivor Price (1905-1980). Uma nova análise do material, feita pelos paleontólogos Luciana Carvalho e Sergio Azevedo (ambos do Museu Nacional), indicou a existência de uma diversidade de mosassauros, com várias espécies

Substitutos dos mosassauros?

Sabendo disso e levando em conta também que, acima do limite K/Pg, não são mais encontrados restos de mosassauros, mas sim o Guarinisuchus munizi, Antonio e seus colegas puderam propor uma hipótese. Os pesquisadores acreditam que, após a extinção dos mosassauros, os dirossaurídeos passaram a ser os principais predadores dos mares do passado nas antigas costas brasileiras.

Resta agora saber se esse padrão de substituição dos mosassauros por animais como o Guarinisuchus munizi foi algo local, restrito ao Brasil, ou um fenômeno mundial, como acreditam os autores. Para que se tenha uma melhor avaliação dessa hipótese, são necessários agora estudos mais detalhados da distribuição dos dirossaurídeos e dos mosassauros.

Além disso, seria importante que houvesse mais estudos estratigráficos, particularmente na África, onde os dados geológicos dos lugares com restos desses répteis extintos ainda são meio confusos.

Uma reconstrução em vida de Guarinisuchus munizi de 3 metros, ambientada com fósseis originais da Mina Poty, encontra-se exposta no Museu Nacional, situado no parque da Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, na Cidade Maravilhosa. Esse belíssimo trabalho, com um realismo fora do comum graças ao excelente trabalho do paleoescultor Claudio Salema e do museólogo João Carlos Ferreira, retrata essa "fera" dos mares que aterrorizava as costas nordestinas há 62 milhões de anos.

Alexander Kellner
Museu Nacional / UFRJ
Academia Brasileira de Ciências
26/03/2008

Mais informações e imagens estão no (ótimo) artigo original
http://cienciahoje.uol.com.br/115515