terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Retrospectiva 2007


No ano de 2007 houve o anúncio de várias descobertas. Muitas delas, de grande importância. Vamos fazer uma restrospectiva, relembrando os principais acontecimentos no meio científico.


12 de janeiro, cientistas divulgaram a deescoberta de um crânio de 36.000 anos que mostra ser dos ancestrais de toda a espécie humana e mostrando a ancestralidade africana.



Pesquisadores também afirmam ter encontrado um crânio humano que apresenta caracteristicas típicas de neandertais, mostrando que cruzamentos entre as duas espécies podem ter acontecido.


22 de janeiro, publicaram estudo que mostra que macacos-prego (Cebus libidinosus) o uso de ferramentas para quebrar frutos é passada adiante atravez da cultura.



23 de janeiro, veio a notícia de que o Microraptor pequeno dino terópode chinês que tinha penas - pera biplano e podia planar pequenas distâncias. O modelo do fóssil foi feito por paleontólogs brasileiros.


Seguindo as descobertas feitas com os primatas, veio a descoberta que certas populações de chimpanzés usam lanças para caçar pequenos primatas em ocos de árvores.



15 de março, a descoberta de um fóssil de mamífero deu novas pistas na evolução dos mamíferos. O animal (Yanoconodon allini), tem ouvido médio de mamifero e mandíbula de reptil. Mostrando a transição evolutiva.


No mesmo mês, foi revelada a descoberta de uma nova espécie de leopardo na Ásia. O leopardo nebuloso de Sumatra, que difere do leopardo nebuloso de Bornéu. Seu código genético tem 40 diferenças e podem ser identificados como diferentes por diferenças na pelagem.



29 de março, estudo diz que dinossauros não oprimiam mamíferos, como sempre se pensou. A prova é a diversificação que esta classe teve antes da extinção do Cretáceo.



3 de abril. O cérebro de um pássaro de mais de 90 milhões de anos, extraordinariamente bem preservado, foi descoberto na Rússia, fornecendo assim indicações inéditas sobre a evolução dos sentidos das aves, de acordo com um estudo divulgado nesta quarta-feira (hora local) no periódico Biology Letters, da Sociedade Real britânica.



12 de abril, Proteína de tiranossauro reforça teoria de parentesco com aves. Sequência de aminoácidos encontrados são semelhante à aves.



9 de maio, Novas evidências de DNA mostram que os aborígenes australianos descenderam de migrantes que deixaram a África há cerca de 50 mil anos.



15 de maio,Crescimento do cérebro dos primatas seria um resultado do aumento de predadores a partir do momento que a África se uniu a Ásia.



24 de maio,descoberto que peixes que viviam há centenas de milhões de anos provavelmente já possuíam as ferramentas genéticas necessárias para criar mãos e pés ao longo da evolução.



25 de maio,Alguns dinossauros eram bons nadadores, afirmam cientistas que encontraram a primeira evidência fóssil de que esses répteis terrestres gigantes se deslocavam também pela água.



30 de maio. Brasileiros dizem ter provado que megamicróbio descoberto nos anos 1980 é primeira bactéria multicelular conhecidaO "Magnetoglobus", um ser de água salgada formado por 20 células, usa campos magnéticos para se guiar, como fazem alguns animais.



13 de junho, Estudo mostra que esponjas que não tem sistema nervoso, possuem genes responsáveis por sinapses.



13 de junho. Encontrado na China o maior espécie fóssil de dino ave. O Gigantoraptor que pesava 1400 kgs.



10 de julho. Insetos impulsionam a evolução das plantas em um caso clássico de evolução natural.



11 de julho, Cientistas apresentam mamute bebê congelado na Sibéria com olhos e tronco bem preservados.



12 de julho, Rápida evolução em borboletas de ilhas no Pacífico.



17 de julho. Um novo estudo demonstra que andar em duas pernas custa aos humanos apenas um quarto da energia despendida por chimpanzés, que, ao caminhar, apóiam-se também sobre as patas dianteiras. Mostrando vantagem adaptativa de bipedalismo.



27 de julho.Descoberta bactéria que faz tipo diferente de fotossíntese



17 de agosto.Proteína de 450 milhões de anos ajuda a revelar



23 de agosto. Gorila ancestral de 10 milhões de anos recua origem humana.



29 de agosto, Fóssil de abelha contendo parte da planta revela que sua existência data da época dos dinossauros




12 de setembro.Descoberto que repteis tinham ouvido moderno a 260 milhões de anos.



21 de setembro. Analise em ossos, indica que velociraptors tinham penas.



21 de setembro. Analise de ossos do Homo florensis confirma que se trata de uma espécie de homenideo anão. invés de um Homo sapiens com microcefalia.



28 de setembro. Mamute tem DNA codificado, se tornando a primeira espécie extinta a ter o código genético codificado.




1 de outubro. Cientistas que analisaram rochas com até 2,5 bilhões de anos de existência afirmam ter colhido evidências de que o oxigênio se tornou abundante na atmosfera terrestre muito antes do que os geólogos imaginavam



5 de outubro. Maxilar de neandertal descoberto na Espanha permite reconstituir a face do homenideo.



6 de outubro. Primeiro cromossomo é sintetizado em laboratório.




Descoberto esqueleto de dinossauro saurópode gigante na Argentina. O Futalognkosaurus dukei de 32 metros e 80 milhões de anos.



18 de outubro. Biólogos acham peixe que se esconde em árvores e consegue passar longos períodos de tempo longe da água.



19 de outubro. Em humanos e em muitas outras espécies, o macho envelhece mais rápido e morre antes do que a fêmea. Uma nova pesquisa realizada na Inglaterra sugere que isso acontece em função da intensa competição sexual,



5 de ovembro.Fóssil raro estica vida evolutiva das medusas
.Grupo teria surgido há 505 milhões de anos e diversificado rápido, diz estudo



21 de novembro.Pesquisadores europeus encontraram a garra fossilizada de um escorpião do mar de 2,5 m de comprimento em uma pedreira, na Alemanha,












quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Dinossauro que viveu há 110 milhões de anos é descoberto



Um grupo de paleontólogos anunciou hoje o descobrimento de um dinossauro de corpo frágil e com mais de 500 dentes, que viveu há 110 milhões de anos na região onde atualmente é o Deserto do Saara; a "vaca" da época Mesozóica.
Trata-se do Nigersaurus, um animal do tamanho de um elefante, mas com ossos finos, alguns dos quais da espessura de uma pena.
Os primeiros fósseis do Nigersaurus foram encontrados em 1997.
Jeffrey Wilson, um dos cientistas que o descobriu, acredita que a imagem tradicional de um dos seus parentes mais famosos, os Diplodocus americanos, com seus longos pescoços elevados e sua cabeça olhando para a frente é errônea, e que eles também, assim como o Nigersaurus, mal levantavam a cabeça em relação ao solo.
Caminhavam com a cabeça abaixada, em um ambiente repleto de predadores. Sobreviveram ao movimentarem-se em manadas, e a abundância de fósseis deste dinossauro no Níger leva a crer que era muito comum na Era Mesozóica, disse Wilson.
Outra singularidade deste dinossauro, de aproximadamente nove metros de comprimento, é seu baixo peso. Suas vértebras e o cérebro possuíam espaços sem carne, somente com ar, assim como os pássaros, que são parentes dos dinossauros.
Ao mesmo tempo, os ossos de suas pernas eram relativamente finos.
para reduzir o peso de sua estrutura, porque menos peso significa menos energia necessária para manter o corpo, segundo Paul Sereno, professor da Universidade de Chicago.
Esses descobrimentos projetam uma imagem de um animal relativamente vulnerável. "Não tem armadura e seus ossos são muito frágeis, como um pedaço de papel", embora reforçados com colágeno e tecidos de apoio, explicou Wilson.
Após uma década de estudo, o Nigersaurus ainda guarda mistérios.
Desconhece-se, por exemplo, a função de sua long
a cauda.

domingo, 14 de outubro de 2007

Cientista cria cromossomo que pode gerar nova forma de vida

Craig Venter desenvolve gene sintético a partir de substâncias químicas fabricadas em laboratório


LONDRES - O cientista americano Craig Venter, diretor do Venter Institute de San Diego, Califórnia, criou um cromossomo sintético que pode levar à criação da primeira nova forma de vida artificial na Terra, antecipa em sua edição deste sábado, 6, o jornal britânico The Guardian.

Em declarações à publicação, Venter explica como, a partir de substâncias químicas fabricadas em laboratórios, se chegou à elaboração de um cromossomo totalmente sintético.

O cientista deverá divulgar a descoberta dentro de algumas semanas, mas o anúncio poderá ser antecipado para a reunião anual do Venter Institute, que será realizada na segunda-feira.

Venter afirmou ao Guardian que esse marco científico representaria "um passo filosófico muito importante na história das nossas espécies". "Vamos deixar de somente ler nosso código genético a poder escrevê-lo, e isso nos dá a capacidade hipotética de fazer coisas que nunca antes contemplamos", afirmou.

Novas espécies

A descoberta, como lembra o jornal, provocará intensos debates sobre a ética da criação de novas espécies.

O Guardian adianta que uma equipe de 20 cientistas, escolhida pelo próprio Venter, e liderada pelo cientista americano Hamilton Smith, conseguiu criar um cromossomo sintético, algo que não tinha sido alcançado até o momento.

Com técnicas de laboratório, os especialistas juntaram um cromossomo de 381 genes que contém 580 mil pares de bases do código genético, segundo o Guardian.

A seqüência de DNA se baseia na bactéria "Mycoplasma", que a equipe reduziu aos elementos básicos necessários para a vida, e eliminaram uma quinta parte de sua composição genética. O cromossomo sinteticamente reconstruído foi batizado pela equipe como "Mycoplasma laboratorium".

Depois os especialistas transplantaram o cromossomo artificial para uma célula bacteriana viva, e na fase final do processo espera-se que o cromossomo tome o controle dessa célula para se transformar em uma nova forma de vida.

Genoma

O Guardian publicou que a equipe de cientistas conseguiu transplantar com sucesso o genoma de um tipo de bactéria à célula de outra, transformando-a.

Venter disse estar "100% convencido" que a mesma técnica funcionaria para o cromossomo criado de forma artificial.

Essa nova forma de vida dependerá de sua capacidade para duplicar a si mesma e se metabolizar na maquinaria molecular da célula na qual foi inserida.

No entanto, o jornal acrescenta que o DNA será artificial e é ele que controla a célula.

Venter acredita que os genomas têm um potencial positivo enorme caso sejam usadas de forma adequada e a longo prazo podem levar a descoberta de fontes alternativas de energia.


Fonte: http://www.estadao.com.br/vidae/not_vid61203,0.htm

sábado, 13 de outubro de 2007


Existe uma razão para o desdém dos gatos pelo açúcar – e seu amor pela ração úmida em vez da seca


por David Biello


Açúcar, condimentos e outras coisas gostosas parecem não ser nada atraentes para os gatos. Nossos amigos felinos se interessam por apenas uma coisa: carne (e também, é claro, uma soneca revigorante para poder continuar caçando, ou uma preguiçosa sessão de carinho). Isso não acontece só porque dentro de cada gatinho malhado se esconde um assassino pronto para agarrar um passarinho ou torturar um camundongo, mas também porque os gatos não possuem a capacidade de sentirem o sabor doce – diferentemente de todos os outros mamíferos pesquisados até hoje.


A língua da maioria dos mamíferos é recoberta por grupos de papilas gustativas, sendo que cada grupo possui receptores para detectar sabores específicos. Cada papila possui proteínas em sua superfície que se ligam à substância em contato com ela, ativando os mecanismos internos da célula e enviando uma mensagem ao cérebro, que por sua vez decodifica o sabor. Humanos possuem cinco tipos de papilas gustativas (possivelmente seis): azedo, amargo, salgado, doce e umami (sabor que alguns aminoácidos como o glutamato e o aspartato produzem). Existe também a possibilidade de possuirmos um sexto receptor que identifica o sabor de gordura. O receptor de doce é, na verdade, é formado por duas proteínas emparelhadas, produzidas por dois genes diferentes, o Tas1r2 e o Tas1r3.


Quando funcionam normalmente, as duas proteínas emparelhadas identificam quando algo de sabor doce entra em contato com a língua, e a informação é rapidamente enviada para o cérebro. Isso porque o sabor doce é sinal de que um carboidrato rico em energia está chegando. Os carboidratos são importante fonte energética tanto para os herbívoros quanto onívoros, categoria na qual nos encaixamos. Mas os gatos são provenientes de uma linhagem nobre – a dos carnívoros – ou seja, se alimentam exclusivamente de carne.


Seja a dieta alimentar a causa ou efeito, todos os felinos, leões, tigres, ou um gato rajado comum são desprovidos de 247 pares de bases nitrogenadas que formam o DNA do gene Tas1r2. Como resultado, não se codifica propriamente uma proteína, nem um gene, apenas um pseudo gene, o que não permite que os gatos sintam o sabor doce. “Os felinos não sentem o sabor doce do mesmo modo que nós”, afirma Joe Brand, bioquímico e diretor associado do Monell Chemical Senses Center, na Filadélfia. “Por um lado podemos dizer que os gatos são sortudos: você já viu como eles têm dentes saudáveis?”.


Brand e seu colega Xia Li descobriram o “pseudo-gene”, após décadas de evidências seguidas como, por exemplo, o fato de que os gatos não mostrarem nenhuma preferência entre água açucarada e água pura – fato que não acontece com outros animais, que tem interesse pela água adoçada. É claro que existem histórias de gatos que tomam sorvete, que comem algodão doce e correm atrás de marshmallows. “Talvez alguns gatos possam usar seus receptores Tas1r3 para provar açúcar em alta concentração.” Diz Brand. “É um fato incomum, e ainda não temos certeza” conclui.


No entanto, os cientistas sabem que os felinos conseguem provar sabores que nós não conseguimos definir, como o da adenosina trifosfato (ATP), o composto que fornece energia a cada célula viva. “Esse é um sinal de que estão comendo carne” Brand explica. “Vários outros animais possuem diferentes tipos de receptores”, explica Li. Desde galinhas, que também não possuem o receptor para doce, ao bagre, que consegue detectar aminoácidos na água mesmo em concentrações nanomolares. “Seus receptores são mais sensíveis do que a concentração de fundo,” explica Brand, “O bagre que consegue localizar a comida em decomposição mais rapidamente é o que tem mais chances de sobreviver”.


Até agora os felinos são os únicos mamíferos que não tem o “gene do doce”; mesmo seus parentes próximos, também carnívoros, como as hienas e mangustos possuem a capacidade de detectar o sabor doce. Além disso, os felinos podem não ter outras funções relacionadas ao aproveitamento (e digestão) de açúcares, como a glucoquinase, uma enzima encontrada no fígado, fundamental no metabolismo dos carboidratos e responsável por evitar o excesso de glicose no organismo. Apesar disso, os maiores fabricantes de rações para gatos nos Estados Unidos usam milho e outros tipos de cereais em suas formulações. “Talvez esse seja o motivo dos gatos começarem a apresentar problema de diabetes” sugere Brand. “A ração para felinos contém 20% de carboidratos. Os gatos não estão acostumados, e por isso o organismo não sabe como tratar adequadamente essa fonte de nutrientes.” É muito provável que esses incríveis predadores suburbanos estejam se machucando por não sentirem o sabor daquilo que estão ingerindo. Mas isso não quer dizer que os apaixonados por gatos devam se preocupar se o gatinho resolver caçar uma sobremesa mal vigiada.


sábado, 29 de setembro de 2007

Equipe decodifica DNA de pêlo de mamute e abre via de pesquisa



da France Presse, em Washington


Uma equipe internacional de pesquisadores conseguiu decifrar o DNA dos pêlos de um mamute da Sibéria de 12 mil a 50 mil anos de idade, o que abre caminho para a decodificação de inúmeras espécies extintas.


Recorrendo a um método de decodificação por síntese, os geneticistas conseguiram decifrar o DNA mitocondrial --somente transmitido pela mãe-- de 13 mamutes, entre eles o célebre mamute Adams, descoberto em 1799 e conservado desde então à temperatura ambiente num museu da Rússia.


Esse novo método deve permitir enriquecer com novos dados genéticos as coleções de Charles Darwin e dos naturalistas do século 18, o alemão Alexander von Humboldt e o sueco Carl von Linné, segundo os autores do estudo.


"Os dados genéticos já recopilados por este método abrem caminho para a decodificação da totalidade do genoma do mamute", afirmou Stephan Schuster, da Universidade da Pensilvânia (leste), um dos autores da pesquisa publicada na revista "Science".
O DNA fica bem preservado no pêlo, que pode ser achado facilmente nos ambientes frios. Além disso, o cabelo e o pêlo são preferíveis aos ossos como fonte de DNA antigo para obter a mitocôndria.


Até então, era necessário analisar antigos ossos para poder comparar, por exemplo, as características genéticas de elefantes e mamutes ou, inclusive, saber como esses últimos sobreviveram à era glacial antes de sua extinção.


Essas amostras de DNA provenientes dos ossos são bastante raras e geralmente estão contaminadas por bactérias. Em compensação, o DNA procedente dos pêlos é bem limpo porque foi preservado em queratina, uma espécie de membrana que parece plástica. A queratina forma 95% do pêlo e se encontra também nos chifres e nas unhas.
Outra vantagem é que o pêlo pode ser higienizado sem que se alterem seus materiais genéticos, explicaram os autores da pesquisa.


"Se pensarmos em todos os animais dissecados em museus de história do mundo e que pertencem a espécies extintas, há muito trabalho por fazer para decodificar seu DNA", afirma Thomas Gilbert, da Universidade de Copenhague e co-autor do estudo.
Antes dessa pesquisa, apenas sete genomas de animais de espécies extintas haviam sido decifrados em seu componente genético: quatro pássaros, dois mamutes e um mastodonte.
"Essa descoberta é uma boa notícia para todos aqueles que querem saber como alguns dos grandes mamíferos foram extintos", acrescenta Stephan Schuster.


Mas esses trabalhos também têm potencialmente outras aplicações, segundo o especialista Eske Willerslev, professor da Universidade de Copenhague. "O método ainda deve ser aprimorado para ser plenamente utilizado, por exemplo, por um médico forense --o que é apenas uma questão de tempo."


quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Orquídea conviveu com dinossauros, sugere novo fóssil


EDUARDO GERAQUE

da Folha de S.Paulo


O cenário botânico visto pelos dinossauros no final do Período Cretáceo (de 76 milhões de anos a 84 milhões de anos atrás) era provavelmente mais florido do que os cientistas imaginavam até agora.
A descoberta de um fóssil de abelha com uma "mochila" de pólen em seu dorso, encontrado na República Dominicana, é a responsável pela mudança.


"Além da importância em si, por ser o primeiro fóssil inequívoco de uma orquídea [representada por meio do pólen], a descoberta ajudou na calibragem da história evolutiva desse grupo vegetal", disse à Folha o pesquisador Rodrigo Singer, da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).


Agora, os cientistas podem afirmar que o ancestral das orquídeas atuais já vivia na Terra no final do Cretáceo, um pouco antes de os grandes répteis sumirem, há 65 milhões de anos.
O botânico argentino, radicado em Porto Alegre desde 1995, é um dos autores do artigo que descreve o novo fóssil, publicado hoje pela revista científica britânica "Nature" (http://www.nature.com/).


"Não dá para falar que os dinossauros conviveram com muitas espécies de orquídea, mas sim que elas já existiam naquele tempo", afirma Singer.
Até hoje, por causa da falta de fósseis --alguns foram encontrados, mas não se tinha certeza de que se tratava de orquídeas--, a idéia vigente era outra. Esse grupo de plantas é um dos mais diversos do planeta, com quase 25 mil espécies. Mas os botânicos achavam que sua origem fosse mais recente.


"E, neste caso, ficaram registrados tanto a planta quanto o seu polinizador, a abelha", explica Singer, o que também tem importância científica.


Ambas espécies já estão extintas, mas elas têm parentes relativamente próximos ainda vivos. "O grupo das abelhas sem ferrão, o mesmo que existe no Brasil, é um exemplo."


O fóssil dominicano, descoberto em 2000, dentro de um pedaço de âmbar, tem entre 15 milhões e 20 milhões de anos. Sua descoberta permitiu aos pesquisadores rever todas as datas da árvore genealógica das orquídeas e concluir pela origem antiga do grupo, que teria explodido em diversidade após o final do Cretáceo.


Morta no ato
A cena que antecedeu o momento da fossilização, que acabou ficando para a posteridade, pode até ser imaginada.


No momento da morte, a abelha estava mergulhada na planta, se lambuzando na flor. No meio do banquete, foi aprisionada por um derrame de resina da árvore sobre a qual a planta vivia. Sorte da ciência.


Artigo do Ciencia Hoje

quinta-feira, 26 de julho de 2007

O amigo que Darwin tinha no Brasil


Johann Friedrich Theodor Müller, conhecido como Fritz Müller, nasceu em 31 de março de 1822 na aldeia de Windischolzhausen próxima a Erfurt na Alemanha.
Neto e filho de pastores protestantes, Müller demonstrou desde a infância grande interesse pela história natural no que foi estimulado pelo pai.

Cursou universidade em Berlim onde teve mestres como Lichtenstein e Erichson (zoólogos), Hornschuch e Kunth (botânicos) e Johannes Müller (fisiólogo).

Estudou farmacologia, ciências naturais e matemática. Doutorando-se em filosofia aos 22 anos de idade.

Em 1845 se inscreveu em um concurso para professor ginasial em Erfurt. Mas sua carreira durou pouco, pois as perseguições políticas realizadas pelo imperador Frederico “O Grande” obrigavam os professores a ensinar apenas o que o governo queria. Diante de seu propósito de jamais ser hipócrita (“sempre que tiver que falar, hei de dizer a verdade” – frase em carta enviada ao irmão August) abandonou seu emprego.

Após deixar de lecionar, Fritz Müller foi estudar medicina concluindo o curso em 1849.
Novamente teve seu sonho interrompido. Por não ser mais cristão, negou a pronunciar frases religiosas durante o juramento em sua colação de grau e por esse motivo não recebeu o diploma de médico e não pode exercer a profissão. Voltou então a lecionar, mas desta vez como professor particular.

Fritz deixou de ser cristão durante a faculdade de medicina. O motivo foi a hipocrisia das instituições religiosas. Em 1848 se casou com Karoline Töellner e em 1849 nasceu sua primeira filha, Louise. Em 1852 nasceu sua segunda filha, Johanna e poucos dias depois a filha primogenita morreu.

No mesmo ano, leu um livreto escrito pelo Dr. Blumenau que divulgava a colônia fundada por ele no Brasil e Fritz Müller decidiu emigrar. Sobre o qual disse “Nessa intolerância religiosa vigente no país de Frederico não se poderia esperar por enquanto alguma mudança, então decidi emigrar. Escolhi o Brasil, primeiramente por sua rica flora e fauna, em segundo lugar porque acreditava que aqui a índole alemã poderia se conservar mais facilmente do que entre os ianques e em terceiro lugar porque o fundador da Colônia Blumenau, já me era conhecido de muitos anos”. Em 19 de maio de 1852 embarcou para o Brasil a bordo do veleiro Florentin, juntamente com a sua família e o irmão August e sua esposa. Após dois meses chegaram ao Brasil e se instalaram em Blumenau abrindo clareiras na mata e construindo uma cabana. Tempos depois uma enchente destruiu sua casa e se mudou para a outra margem do rio Itajaí onde construiu uma casa no estilo enxaimel (onde hoje é o Museu Ecológico Fritz Müller). [1]


Nos primeiros anos em que morou na colônia, Müller ajudou a construí-la, pesquisou a fauna e flora e atendeu os casos de doenças mais graves. Tinha relacionamento amigável com os índios da região que o protegiam contra animais selvagens enquanto realizava pesquisas na mata.

Contudo, Dr. Blumenau se sentiu incomodado com seu comportamento, temia que suas convicções políticas e seu descaso com a religião pudessem influenciar outros colonos. Logo tratou de lhe arranjar um emprego de professor de matemática em Desterro (atual Florianópolis) e apesar de saber as verdadeiras intenções de Dr. Blumenau, Fritz Müller aceitou o cargo de bom grado.

O emprego lhe caiu como uma luva, pois tinha tempo livre para realizar suas pesquisas sobre história natural e aliado ao fato de morar perto do mar, uma fonte inesgotável de pesquisa, foram determinantes em sua carreira de naturalista. Morou em Desterro de 1856 até 1867. Em 1856 foi ao Rio de Janeiro se naturalizar brasileiro.

Em 1861 Fritz Müller recebeu de presente de seu amigo Max Schultze, professor de zoologia em Halle, um exemplar do livro “A Origem das espécies” de Charles Darwin em alemão e ficou fascinado com os argumentos apresentados por Darwin aceitando a teoria da evolução.
Após a leitura do livro resolveu escrever uma carta para Charles Darwin falando sobre o livro (pratica comum entre os naturalistas da época). Então lhe veio outra idéia. Fazer seus próprios experimentos para comprovar a teoria da evolução.

Fritz Müller então buscou uma espécie para servir como modelo para colocar a prova a teoria de Darwin. Optou pelos crustáceos por vários motivos; por serem abundantes na região, já terem uma classificação taxionômica conhecida e por apresentarem um desenvolvimento ortogenético complexo e variado.
Em abril de 1862 ele escrevia ao irmão em Lippstadt: "No último verão me ocupei quase que exclusivamente com crustáceos, mais propriamente com a história do desenvolvimento dos camarões e lagostins, que lança uma luz totalmente nova nas condições de parentesco dos crustáceos e sobre toda a morfologia dos artrópodes; espero que isto possa ser utilizado como importante meio de comprovação a favor dos ensinamentos de Darwin sobre a origem das espécies animais e vegetais. Elaborar a história do desenvolvimento dos animais a partir de larvas pescadas no mar, as quais percorrem uma longa série de formas, é um dos trabalhos mais sacrificados e que mais tempo consomem, mas também é de todos o mais atraente, emocionante e com freqüência, cheio de verdadeiro enredo romanesco, decepções, surpresas”.
O objetivo de Müller era descobrir se os crustáceos evoluíram, se adaptando ao ambiente. Estudou em várias espécies as formas que os crustáceos passam até chegar a idade adulta definitiva. Descobriu que algumas espécies tinham um desenvolvimento mais complexo, passando por vários desses estágios. Outras paravam no meio do caminho, adotando um desses pré-estágios como forma adulta.
Assim ele montou uma espécie de árvore genealógica dos crustáceos, concluindo que as espécies com desenvolvimento mais complexo evoluíram de outras com desenvolvimento mais simples por meio de adaptações ao ambiente. Todos os estudos comprovaram o que Darwin havia descrito em teoria. Os estágios pelos quais passam os crustáceos antes de chegar à forma adulta seriam repetições das espécies ancestrais a partir das quais esses animais evoluíram.

Em 7 de setembro de 1863, Fritz Müller concluía um pequeno porém consistente livro, repleto de fatos novos e em consonância com as idéias propostas por Darwin.
"Für Darwin" (A Favor Darwin) foi editado em Leipzig, Alemanha, em 1864. Não demorou para que o próprio Darwin viesse a tomar conhecimento deste precioso e inesperado colaborador que se manifestava da América do Sul.
Darwin ficou impressionado com o livro e bancou a tradução para o inglês, lançando a obra com o nome Facts and arguments for Darwin (Fatos e argumentos a favor de Darwin), e passou a citar o cientista alemão nas edições seguintes de "Sobre a origem das espécies". Os dois naturalistas trocaram correspondência intensa e se tornaram amigos. A primeira carta foi escrita por Darwin em 10 de agosto de 1865. A última carta que Darwin remeteu para Fritz Müller, foi datada em 4 de abril de 1882, quinze dias antes de sua morte. Sabe-se que Darwin escreveu 58 cartas a Fritz Müller, em 17 anos de troca de correspondência. Uma freqüência considerável, uma vez que em média, uma carta levava 45 dias a caminho.
Também manteve correspondência com Hermann Müller, Alexander Agassiz, Ernst Krause, e Ernst Haeckel.
Ernest Haeckel generalizou conceitos introduzidos por Fritz Müller, elaborando a controversa Lei da Biogenética Fundamental. Passou a afirmar, de forma dogmática, que todas as espécies de animais recapitulam as mudanças ocorridas em sua ancestralidade durante o desenvolvimento larval ou embrionário.
Fritz Müller também contribuiu com a biologia com a teoria do mimetismo mülleriano. Formulou a teoria ao observar que diferentes espécies de borboletas da mata Atlântica possuíam sabor desagradável se assemelhavam mutuamente a fim de enganar as aves. Se um pássaro “experimentasse” uma borboleta de qualquer uma destas espécies se lembraria de seu gosto horrível e evitaria comer outras borboletas parecidas. Essa relação é chamada de mimetismo de Müller ou anel mimético que era diferente do mimetismo apresentado por Henry Bates. [2]
Para analisar o mimetismo entre duas espécies de lepidópteros, ele elaborou a primeira equação matemática aplicada à ecologia. [3]


Publicou 248 artigos científicos sobre o estudo de animais e plantas. Catalogou novas espécies e realizou estudos sobre crustáceos, vermes, borboletas, cupins, abelhas brasileiras (foi um dos maiores observadores) e outros insetos. Entre 1884 e 1885, encontrou um verme gigante de 1,5 metros (Balanoglossus gigas), até então conhecido apenas em versões bem menores. Mas não conseguiu convencer a comunidade científica da descoberta por não conseguir enviar um exemplar inteiro para a Europa (ele se enterrava na areia e quebrava ao ser puxado). Só em 1893 a descoberta foi confirmada, com exemplares do mesmo animal encontrados em São Sebastião, no litoral paulista. No fim da vida se dedicou ao estudo de bromélias.
Uma das mais belas descobertas se refere à fauna encontrada nas bromeliáceas. Nestas plantas ocorre o acúmulo de água suficiente para permitir a proliferação de muitos seres minúsculos – protozoários, miriápodes, larvas de dípteros, ortópteros, neurópteros, tricópteros, tipulídeos e sirfídeos, além turbelários, aracnídeos e um crustáceo da família Cytheridae, ao qual deu o nome de Elpidium bromeliarum.

Pesquisou a simbiose entre a embaúba e formigas. No pecíolo da folha da embaúba existe uma parte branca e saliente que vista pelo microscópio revela uma glândula (chamada “corpúsculo de Müller” em homenagem ao descobridor) que produz uma substância doce que contem glicogênio. As formigas se alimentam deste mel e vivem entre os nós dos galhos da embaúba protegendo a árvore do ataque de insetos nocivos.

Fez também excelentes observações sobre a fecundação de orquidáceas. Descobrindo que tais plantas são auto-estéreis, ou seja, o pólen de uma flor é incapaz de fecundar os óvulos da mesma. Dependendo de agentes polinizadores.
Retornou a Blumenau em 1867 e voltou à atividade de colono, pesquisador e médico se tornando presidente da câmara dos vereadores anos depois. 1876 foi nomeado “Naturalista viajante” do museu nacional por D. Pedro II e só perdeu o cargo em 1891 com a proclamação da república. Foi chamado por Darwin de “O Príncipe das Observações” e recebeu o título de Doutor Honoris Causa das universidades de Tübingen e de Bonn na Alemanha.
No final de sua vida era considerado um dos maiores cientistas do mundo apesar de estar longe dos grandes centros acadêmicos da Europa e praticamente não ter contato com outros pesquisadores. Seus artigos podem ser vistos na biblioteca da USP em São Paulo.


Johann Friedrich Theodor Müller faleceu no dia 21 de maio de 1897, aos 75 anos, na casa de sua filha Johanna em Blumenau. Teve dez filhos, destes apenas um do sexo masculino que morreu pouco depois do parto. Recebeu várias homenagens póstumas incluindo uma estátua em uma praça em Blumenau e um museu ecológico instalado em sua antiga casa. Além de várias homenagens do meio acadêmico. Haeckel o chamou de “Herói da Ciência”. Sua vida foi descritas em várias biografias e deixando uma lição de humildade, amor pela ciência e busca pela liberdade expressada por duas de suas frases; “sem liberdade não há verdade e nem virtude” e “... tomei a firme decisão de tudo sacrificar pela verdade e pela liberdade”.


O livro de Fritz Müller "Facts and Arguments for Darwin" pode ser visto no site abaixo (em inglês):