terça-feira, 25 de março de 2008

Aves da Noza Zelândia

POR EDUARDO REAL




As ilhas da Nova Zelândia, localizadas na porção sul do planeta se encontram isoladas das grandes massas continentais, apresenta clima diferenciado e relevo acidentado que aparentemente formam um lugar inóspito, mas que originaram um ecossistema único.



O arquipélago fazia parte de Gondwana, um supercontinente que englobava África, América do Sul, Antártica e Austrália. Da qual se separou por volta de 80 milhões de anos atrás, tendo entre os animais nativos aves primitivas e nenhum mamífero. E devido ao seu isolamento relativo os segundos não chegaram até o local originando uma fauna dominada por aves, répteis e insetos e que não possuía mamíferos – exceto três espécies de morcegos.

Assim, nesse meio ambiente os nichos ecológicos que em outros lugares são ocupados por mamíferos foram ocupados pelas aves. Originando espécies com adaptações incomuns para as aves e variedades que não aparecem em nenhum outro local. Tendo uma extraordinária diversidade delas até a chegada do homem.


Também houve a preservação de parte da biodiversidade original de Gondwana, mesmo vegetais como as Podocarpáceas e as faias que pouco alteraram suas formas em milhões de anos, as poucas árvores não originais vieram a bordo nos intestinos das aves migratórias. Muito da fauna de artrópodes e de vertebrados foi mantida como anfíbios incomuns e o tuatara. A maioria dos imigrantes veio da Austrália e alguns pássaros são originários da ilhas Caledônias que são muito semelhantes.

Neste período, um grupo que teve presença marcante foi os moas, aves não voadoras extintas e endêmicas pertencentes à família Dinornithidae. Estão entre as maiores aves que já existiram, com dimensões maiores que a dos avestruzes, tendo mais de 2 metros de altura e pesavam em torno de 250 kg. A maior espécie era o Dinornis robustus com mais de 2,5 metros e 300 kg.


Eram herbívoras e se alimentavam de vegetais dentro das florestas neozelandesas, onde possivelmente viviam em pequenos grupos. Uma das características mais marcante são suas asas completamente atrofiadas, não possuindo mais ossos e nem as junções delas com o corpo, mostrando a que ponto chegou sua adaptação ao habitat terrestre. Possuíam pernas fortes com pés grandes, pescoço longo e cabeça pequena acompanhada de um bico reto com narinas bem desenvolvidas. Outra característica evidente é o dimorfismo sexual, as fêmeas tinham um porte bem maior que o dos machos, tanto que os primeiros analisarem os seus ossos chegaram a classificar indivíduos de sexos diferentes em espécies separadas.



Os moas ocupam um nicho que nos continentes é preenchido pelos mamíferos ungulados. Era o herbívoro dominante em seu ecossistema, apesar da presença de aves que ocupavam nichos semelhantes como o Adzebill, muito parecido com o moa, mas com tamanho menor.

Outra ave muito comum na Nova Zelândia é o kiwi. Do tamanho de uma galinha, é parente dos moas e também a menor ave ratita do mundo. Assim como as aves deste grupo, não voam. Mas com o diferencial de que as asas, assim como os moas, se encontram muito atrofiadas e escondidas embaixo das penas que tem o formato de pelos, dando a impressão de serem inexistentes. Também não possuem outras estruturas para o vôo como a fúrcula e nem penas rígidas como os pássaros voadores. Apesar da semelhança entre os dois grupos, análises do DNA mitocondrial mostram que os moas são mais aparentados a casuares e emus. Outra característica incomum é a sua visão deficiente, ao contrário da maioria das aves, e olfato muito desenvolvido que lhe permite farejar minhocas que estão debaixo do solo. Se alimenta de minhocas, vermes, larvas, frutas e sementes que apanha com seu longo bico. Tem hábitos noturnos, para evitar predadores.

Uma ave com hábitos muito semelhantes aos dos kiwis é o kakapo (Strigops habroptilus) uma espécie de papagaio noturno, nativo do local. É o único Psitacídeo incapaz de voar. Suas asas pequenas servem apenas para que mantenham o equilíbrio ao andar entre os galhos. Não possuem musculatura para o vôo e suas penas não são rijas como a de aves voadoras, sendo invés disso muito macias e que providenciam uma boa camuflagem.



Dessa forma, o kakapo segue a tendência de diversas aves que habitam ilhas oceânicas. Como não possuem predadores em terra, indivíduos com asas atrofiadas e grande tamanho corporal e prosperaram. De modo semelhante ao kiwi possui hábitos noturnos, tem uma visão débil e olfato apurado. As penas localizadas próximas ao seu bico, que são especializadas, funcionam como bigodes sensoriais que o ajudam a se locomover na escuridão. Outra característica exótica é o seu odor intenso, descrito como uma mistura de flores e mel. Em geral, os animais não desenvolvem um cheiro forte para não serem detectados por predadores, porém por ali todos eles eram aves de rapina que usam a visão para caçar e tem olfato pouco desenvolvido. Sua camuflagem é a única defesa efetiva contra eles.



Em seu ambiente, o kakapo ocupa o mesmo papel ecológico que os roedores e pequenos mamíferos. Comem frutos, sementes e pólen e eventualmente de invertebrados. Sua fonte de alimento favorita é um fruto chamado rimu, ao qual sua temporada de frutificação está associada período de reprodução da ave.

Estes são alguns exemplos de espécies que são muito diferentes das encontradas em outras regiões do globo. Outra “esquisitice” é o pato-de-finsch (Chenonetta finschi), um parente do Pato-Australiano-da-Madeira, que não podia voar e vivia distante da água. É o único anatídeo já descoberto que não voa e que tem um modo de vida desassociado do ambiente aquático. Seus ossos foram encontrados longe de lagos e rios e em pontos onde no passado não eram cursos de água. Pela quantidade de exemplares descobertos se supõe que eram numerosos nestas ilhas.


Entre as aves voadoras estão os que são mais parentes mais próximos dos primeiros passeriformes – segundo as amostras de DNA. E Exemplos interessantes de adaptações como o kokako (Callaeas cinerea) uma ave cinza-ardósia que possui uma barbela que funciona como órgão-canoro. Permite que seu canto seja ouvido a quilômetros. Raramente voa a distâncias superiores a 100 metros, se movem pulando de galho em galho, ao qual é muito comparado aos esquilos. Come frutas, flores, samambaias e invertebrados.
Outro é o kereru (Hemiphaga novaeselandiae) um pombo nativo que foi pouco afetado pela extinção em massa que afetou o local. Tem hábitos idênticos a de outros pombos, uma curiosidade é o fato de ser 100% vegetariano, um frugivoro que tem papel destacado na disseminação de drupas. Além do falcão e da coruja neozelandeses que predavam espécies menores


Mas a maior ave voadora e uma das maiores aves de rapina que já existiram foi a Águia-de-Haast (Harpagornis moorei) que media até 3 metros de envergadura e pesava cerca de 14 kg. Sendo evidente a diferença de tamanho entre macho e fêmea, esta última podia alcançar as medidas apresentadas acima enquanto o macho era consideravelmente menor chegando a 2,5 metros e 10 kg.


Alimentava-se das aves não-voadoras da Nova Zelândia como o moa, o pato-de-finsch, o takahe e o kiwi. Estando no topo da cadeia alimentar de seu ecossistema. . Já foram encontrados ossos de moa com grades danos na cintura pélvica, indicando a grande força do rapinante, já que um moa podia ter quinze vezes o seu peso.

Ao que indica podia se mover pelo ar com grande habilidade usando sua cauda -que media até 50 centímetros – para controlar a altitude e suas asas para passar por entre as densas florestas. E suas pernas e músculos fortes permitiam levantar vôo do solo, apesar de seu peso. Podia atacar a uma veloc
idade estimada em 80 km/h atingindo sua presa na bacia e matando com um golpe no pescoço. Suas garras eram perfeitas armas de matar e seu bico encurvado era ideal para abrir a presa e arrancar seus órgãos internos. Como
não havia animais necrófagos uma única carcaça poderia alimentar uma águia por dias. Seu nicho ecológico é muito semelhante ao dos grandes mamíferos carnívoros como tigres, ursos e lobos.


Sabe-se muito pouco sobre seu comportamento, a não ser que caçava de dia e provavelmente vivia em casal.
Porém com a chegada dos Maoris – povo vindo das ilhas Polinésias – por volta do século XV. A fauna do local sofreu grande impacto. Os recém-chegados começaram a caçar os animais nativos, como o moa que servia de fonte de alimento. Sendo caçado constantemente. É o que mostram diversos ossos quebrados e carbonizados, além de colares feitos do mesmo material. Levando a espécie à extinção em menos de cem anos após a vinda dos primeiros humanos. Destino compartilhado por outras aves de grande porte. Não há indícios de que a Águia-de-Haast tenha sido caçada pelos maoris, porém ela também desapareceu devido ao fim de suas presas habituais.

A ação direta do homem não foi o único fator que dizimou diversos pássaros. Com ele vieram espécies invasoras que causaram danos enormes, como o rato-do-pacífico que chegou com os primeiros habitantes. E tal situação se agravou com a chegada dos europeus, que além de caçá-las trouxe uma grande variedade de mamíferos que desestruturaram as populações locais. Como a introdução de mustelídeos como o arminho e a doninha para o controle de coelhos. Mas esses invasores também atacaram aves que fazem ninho no chão. Aves como o kiwi foram seriamente afetadas e outras como a codorniz-da-Nova-Zelândia (Coturnix novazelandiae) foram extintas. Ainda houve espécies como o Takahe que foram consideradas extintas, mas posteriormente foram redescobertas por pesquisadores.


Outro que sofreu foi o kakapo, que antes era uma espécie bem sucedida tendo milhões de indivíduos. Servia de fonte fácil de alimento para os maoris, mas os mamíferos carnívoros causaram um grande estrago. Era um inimigo contra o qual não sabiam se defender. Seu forte cheiro se tornou uma


grande desvantagem, com o olfato apurado os novos predadores aprenderam a identificá-lo facilmente. Quando em perigo, o kakapo fica

paralisado a espera que sua camuflagem o proteja, o que pode ter funcionado com


seus antigos predadores de olfato pouco desenvolvido, mas que não deu certo contra os invasores. Hoje o kakapo é uma ave em perigo crítico de extinção, tendo atualmente uma população de apenas 86 indivíduos.


As espécies extintas antes da colonização inglesa, só se tornaram conhecidas pela biologia com a descoberta de suas ossadas. Em 1839, John Harris achou um fêmur e mandou para o paleontólogo inglês Richard Owen que analisou e constatou ser de uma grande ave. O que foi confirmado depois com a descoberta de vários ossos similares de moas. Em 1872, o pelo naturalista alemão Julio Von Haast descobriu esqueletos que haviam pertencido a uma grande ave de rapina batizada em homenagem ao seu descobridor. Acredita-se que uma pequena população de moas possa ter sobrevivido até por volta de 1830 em um ponto remoto da porção sul.


As aves da Nova Zelândia oferecem um ótimo exemplo de como os nichos ecológicos vagos atuam na diversificação de diversas espécies e como o isolamento causado pelas ilhas gera seres vivos anacrônicos. Também mostra como esses seres vivos são frágeis ao avanço do homem e à introdução de predadores e competidores. Um triste testemunho do que nossas ações podem causar.
Antes mesmo da presença maori alguns animais desapareceram. É o que aconteceu com todas as espécies de pingüins e algumas aves marinhas que residiam no litoral, fenômeno que possivelmente aconteceu devido a mudanças climáticas que também afetaram a diversidade em todo planeta. Porém a mão humana causou os maiores estragos.


Referencias:















quarta-feira, 19 de março de 2008

Animais extintos: Dodô

O blog Evolução e Biologia começa uma seção de textos sobre animais extintos pelo homem. Este é um tema fascinante, retrata espécies que desapareceram, que nunca veremos pessoalmente em um zoologico ou em seu ambiente natural. E por mais que estudemos o que restou deles talvez nunca conheceremos caracteristicas existentes neles, o que os deixa ainda mais intrigantes. E tais seres vivos servem de testemunho para mostrar como nossas ações podem ser destrutivas.

A série começa com a ave que se tornou um símbolo das espécies extintas.

DODÔ


O dodô ou dronte (Raphus cuculattus) é um a ave não-voadora extinta que era endêmica da ilha Mauricio e das Ilhas Mascarenhas, no Oceano Indico.

Media cerca de 1 metro de altura e peso em torno de 16 kg. Se alimentava de frutos e fazia ninho no chão. Tinha uma plumagem cinzeta e um bico grande e maciço, bem caracteristico .Não podia voar, tendo as asas atrofiadas e era uma ave muito lenta e desengonçada e que andava muito mal. Por essa razão foi chamado pelos portugueses de “pássaro doudo” (doido) sendo depois chamado pelos holandeses de dodô. E essa lentidão fez dessa ave um alvo fácil para os marinheiros, o que foi agravado pelo fato de não ter medo do homem. Quando um era morto os que estavam próximos não tentavam fugir e nem se esconder. Os marujos abatiam vários deles, que por serem ricos em carne encontravam neles uma boa fonte de alimento.

A situação se agravou quando os primeiros colonos chegaram na ilha trazendo espécies invasoras como ratos, cães e porcos que atacavam seus ninhos. O último dodô foi caçado em 1681 e nenhum exemplar completo foi preservado.

Recentemente, pesquisadores analisaram o DNA mitocondrial da ave e descobriram que o dodô é parente dos pombos. Descendendo de pombos migratórios que se estabeleceram na ilha a milhões de anos e foram evoluindo para formas de grande porte e perderam a capacidade de voar devido ao ambiente rico em comida e sem predadores.
Fontes

segunda-feira, 3 de março de 2008

Estudo: sapo gigante podia comer bebês-dinossauro


Uma equipe de arqueólogos americanos encontrou o fóssil de um sapo pré-histórico gigante, que seria capaz de comer filhotes de dinossauro existentes em sua época. O "sapo diabo", como foi batizado, além de ser do tamanho de uma bola de boliche, possuia uma grande boca e mandíbulas poderosas.


O animal, que recebeu o nome científico de Beelzebufo - uma mistura de "Belzebu" com "sapo", em latim - pesava cerca de 4,54 kg e media 40,6 cm de comprimento. Ele foi achado em Madagascar, na África, por pesquisadores da Stony Brook University, de Nova York.
A descoberta foi divulgada na edição de hoje do jornal Proceedings of the National Academy of Sciences.
O arqueólogo David Krause, um dos responsáveis pelas escavações, informou que o anfíbio era capaz de comer dinossauros recém-nascidos. Maior do que qualquer sapo vivo atualmente, ele também pode ter sido o maior da espécie em todos os tempos.
Para Krause, "não é impossível que o Beelzebufo abatesse lagartos, mamíferos, sapos menores e até dinossauros recém-nascido". "Deve ter sido um bicho bem malvado", confirmou Susan Evans, paleontóloga do University College de Londres, que também participou da pesquisa.
Segundo o arqueólogo, "este sapo, se tivesse semelhanças com os familiares que vivem hoje no continente, teria hábitos um tanto quanto vorazes", afirmou.
Krause informou que os primeiros ossos do sapo diabo foram encontrados em Madagascar, na costa da África, em 1993, mas somente agora conseguiram juntar fragmentos suficientes para chegar ao que realmente teria sido o animal. A criatura teria habitado o período Cretáceo, há 70 milhões de anos, em uma região onde também foram achados fósseis de dinossauros e crocodilos.
O Beelzebufo provavelmente vivia num ambiente semi-árido e caçava usando sua camuflagem, saltando de forma inesperada sobre suas presas. Embora fosse o rei dos sapos, o animal não é o maior anfíbio que já existiu. Animais como o Prionosuchus, do período Permiano (que terminou há 250 milhões de anos), pareciam crocodilos e chegavam a 9 metros.
O maior animal da espécie encontrado atualmente no planeta é o sapo Golias, que habita o oeste da África e pesa pouco mais de 3 kg.